Na selva fazia um sol desgraçado, as moscas voavam em câmera lenta enquanto os animais ainda moles do almoço calculavam suas forças para espantá-las, ele estava sujo, água é artigo de luxo por essas bandas, dentes podres, pele manchada e com os pêlos longos, afinal, os médicos da prefeitura não vinham a algum tempo. Quando de longe avistou uma fêmea, ela também não tinha lá seus caprichos, tinhas os pêlos muito mais longos que o dele, dos dentes somente dois, e a pele ferida pelas moscas que a comiam ainda em vida, ela é rápida para eles. Os dois trocaram olhares e já começaram os rituais de acasalamento, um sorriso baguelo daqui, ele sem camisa de lá, os pêlos todos eriçados, ele sentia o cheiro da fêmea de longe um cheiro doce de carne-que ele não experimentava a tempos- foram se aproximando rápidamente quando encostando-a numa árvore perguntou com o bafo de cachaça: "Tamo nessas carne ?!"
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem. Carlos Drummont de Andrade.
domingo, 8 de novembro de 2009
Quanto mais eu conheço o homem mais amo meus animais.
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Obrigado pela visita ao Megvilágosodás! Seu blog é sensacional!
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