sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Caindo em Si

No meio da multidão vi um homem mostruoso, a morte andava com ele, os dois lado a lado. Não se sabia onde terminavam os cabelos e começava a barba nem tão pouco os pêlos das costas, tinha os braços longos e musculosos como é normal dessa gente que mata desde menino. Andava com o olhar altivo e olhos entreabertos como se estivesse sempre a espreitar inimigos em pleno calçadão. Aqueles que por algum motivo não podiam vê-lo, podiam escutar o barulho de seus braceletes de ouro, batendo nos anéis em todos e dedos da mão e principalmente na cota de malha polida que ofuscava qualquer um que se atrevesse a olhar-lhe a face. Sua espada era extremamente bela, tinha a mais bela lâmina que eu já tinha visto, bem acomodada dentro da uma bainha de couro cru, recoberta internamente de lã de ovelha. Seu punho ele fazia questão de deixar a mostra, tinha nele incrustado o brasão de um rei das terras onde só se vê areia, o qual tinha derrotado com um golpe certeiro que arrancara cartilagem e pele do pescoço inimigo. Os cabelos tinham ossos amarrados nas pontas o que lhe proporcionava um som assustador, juntamente com o cheiro, aos que o acompanhavam. Fico imaginando suas amantes, felizes por serem dele, por isso, encobertas por pêlos e envolvidas pelo chacoalhar dos ossos em suas nucas. Esse homem me apareceu por três segundos e logo o vi preso dentro de um terno, cabelocurto e barba feita carregando uma pasta de curriculos, sem perder o porte do guerreiro e eu, dessa janela com vista pra XV, apreciando a espada por mim forjada.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Faz o quatro aew.

Tive de mandar esse texto, depois de um churrasco maravilhoso e um show daqueles que beberam um pouco mais.

*A festa tinha começado a pouco, ela havia acabado de descobrir que era fraca, miojão, era como a chamavam seus amigos,e infelizmente ela se rendia depois da primeira latinha; o sol nem se posto tinha.De vestido curto e florido sua calcinha já dava sinais nos primeiros 5 minutos após sua rendição, virou chacota quando, tentando se equilibrar um amigo perguntou " Você tá bem guria ?" a respota veio de pronto, com a voz rouca e tremula como é caracteristico, "To bem sim!!!" "Então faz o quatro aew." o mandante foi de pronto atendido, e com as pernas entre abertas pôs os cinco dedos em riste, baixando somente o polegar olhou nos olhos do inquisidor respondendo " Tá pronto chefia". A risada foi geral, mas graças ao seu sequestrador não se lembra de nada, pelo menos ele teve compaixão dela.

domingo, 8 de novembro de 2009

Quanto mais eu conheço o homem mais amo meus animais.

Na selva fazia um sol desgraçado, as moscas voavam em câmera lenta enquanto os animais ainda moles do almoço calculavam suas forças para espantá-las, ele estava sujo, água é artigo de luxo por essas bandas, dentes podres, pele manchada e com os pêlos longos, afinal, os médicos da prefeitura não vinham a algum tempo. Quando de longe avistou uma fêmea, ela também não tinha lá seus caprichos, tinhas os pêlos muito mais longos que o dele, dos dentes somente dois, e a pele ferida pelas moscas que a comiam ainda em vida, ela é rápida para eles. Os dois trocaram olhares e já começaram os rituais de acasalamento, um sorriso baguelo daqui, ele sem camisa de lá, os pêlos todos eriçados, ele sentia o cheiro da fêmea de longe um cheiro doce de carne-que ele não experimentava a tempos- foram se aproximando rápidamente quando encostando-a numa árvore perguntou com o bafo de cachaça: "Tamo nessas carne ?!"

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
Carlos Drummont de Andrade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Finais Inacabados

Escrevo a não sei quanto tempo, minha mãe diz que me ensinou com 6 anos, talvez tenha começado a 5 minutos atrás, ou até mesmo não saiba ainda escrever; uma coisa é certa alguém me iniciou nessa vida e disso eu sei bem a data. Magia ela tinha e sabia disso, esse era seu maior trunfo.Nada mais faço que continuar aquilo que recebi e faço por ela, talvez você me ache romantico ou até arcade mas admiração não tem escola só local e data para lembrarmos. Escrevo daquilo que observo, e o segredo dela sempre haverá de estar comigo, qualquer dia vocês irão saber. Cuidado você será tema de alguma história seja aqui ou entre os velhos solitários da Rua XV, essas bocas malditas. EIA!